Guia de sobrevivência - SaaS - para crises

Geraldo Melzer • August 2, 2021

Contexto

Estamos vivendo um ambiente de crise, complexidade e incertezas em que praticamente todos os negócios estão sendo – ou serão – afetados de alguma forma, decorrente da pandemia que está paralisando o mundo.

Não queremos ser repetitivos em relação às recomendações que estão sendo compartilhadas no mercado, mas entendemos que o nosso foco no modelo de negócios SaaS B2B traz um olhar mais específico e merece ser compartilhado.


A nossa intenção é abordar de forma mais ampla como estamos analisando os potenciais impactos e, principalmente, como estamos orientando o nosso portfólio a navegar nesse ambiente turbulento e incerto.


Apesar de este material ser voltado para negócios SaaS B2B, algumas orientações também podem ser úteis para outros negócios. Esperamos contribuir de alguma forma para que founders consigam atravessar esta crise da melhor forma possível.


Impactos esperados


# Funding escasso 


Em um ambiente de turbulência no qual estamos vivendo, a atividade de venture capital se retrai naturalmente. Por todas as incertezas, os VCs tendem a "subir a régua" no processo de análise e ficar mais cautelosos, de uma forma geral. 


Depender de capital externo nestes tempos pode trazer fragilidade para startups. 


Usando como referência o que ocorreu nos EUA, o impacto no mercado de VC durante a "great recession" foi de 28% de queda no volume de VC, de U$ 38B em 2007 para U$ 27B em 2009, segundo este report do Pitchbook. 


Um fato interessante é que nem todos os estágios de VC tiveram o mesmo comportamento. Os seed e angel rounds praticamente não diminuíram em quantidade, mas os tamanhos dos rounds diminuíram, refletidos por valuations ajustadas (figura abaixo).

atividade venture capital pitchbook saas

Link para Relatório do Pitchbook 


Apesar de ainda estarmos em um ambiente de incertezas, é possível que tenhamos um comportamento semelhante no Brasil. Diversos fundos locais acabaram de fechar suas captações antes da crise, como no nosso caso da ABSeed. 


Nós continuamos o nosso processo de análise de forma intensa e faremos cheques em oportunidades que estejam adequadas ao contexto que estamos vivendo. 

# O impacto no modelo de negócios


SaaS B2B, de uma forma geral, é um modelo de negócios que tem certa aderência ao contexto atual – de trabalho remoto e distanciamento social. Softwares com contratos de prazo mais longo, com onboarding simplificado e remoto, de uma forma geral ficam sintonizados ao contexto que estamos vivendo de "remote first". Receita recorrente e margens altas, típicas do modelo, são bem-vindas neste momento, e os investidores estão atentos a isso.


De qualquer forma, nenhum negócio está imune a impactos. Softwares verticalizados, voltados para segmentos que estão sofrendo mais com a crise – como na indústria, comércio, turismo –, podem ter desafios maiores. O extremo "S" do "SMB" independentemente do segmento, também tende a estar mais exposto a impactos.


O Pitchbook traz esta matriz (figura abaixo) na qual eles avaliam o potencial impacto da crise da Covid-19 nos diferentes segmentos de tecnologia / nova economia. 

impacto do coronavirus venture capital saas

Neste link segue o artigo do Pitchbook sobre impactos – Covid-19 – em VC nos EUA.

Independentemente do segmento, seja ele de maior ou menor impacto, pelo contexto de incertezas, todas as startups deveriam se preparar para: 1) queda relevante de receita, 2) aumento nos pedidos de cancelamentos, down-sell e inadimplência e 3) impactos em produtividade decorrentes da nova dinâmica remota e da ansiedade oriunda do cenário atual de pandemia.

Nesse sentido, listamos abaixo um conjunto de ações fundamentais que, na nossa visão, todo negócio SaaS B2B no estágio inicial deveria exercitar de forma diligente e ágil.


AÇÕES FUNDAMENTAIS PARA SOBREVIVÊNCIA

"Customer retention is existential in a downturn" 
Byron Deeter – Partner – Bessemer Venture Partners

1) POLÍTICA DE RETENÇÃO 

Reter um cliente que está na base tende a ser mais barato que adquirir um novo cliente. Agora inclua na equação um ambiente de crise, em que praticamente não existe demanda, ou seja, novas vendas. Nesse cenário, essa relação de reter X adquirir se torna ainda mais desproporcional. 

Nada é mais importante do que reter os clientes que estão na base da sua empresa neste momento. 

Segundo uma pesquisa feita recentemente pela empresa Gainsight – um dos maiores softwares para customer success –, 78% das empresas SaaS B2B acreditam que o churn deve subir 3 pontos percentuais em função da crise.


Construir uma política de retenção no estado da arte é responsabilidade não só do CSM, mas também do CEO e de toda a empresa.

O alinhamento ou realinhamento entre CS, Vendas, Marketing e o CEO é imprescindível para dar a flexibilidade, coordenação e acima de tudo velocidade na estruturação e acompanhamento de um plano de retenção eficaz.


Políticas de churn, atraso, inadimplência, upsell e downsell devem ser revisadas no detalhe e estar claramente delimitadas – com um novo caminho lógico –, determinadas a não perder nenhum cliente da base ou potencial cliente dentro do ICP. 


Down-sell também é perigoso. Não se deve subestimar o impacto que a contração de clientes da base poderá trazer, mesmo sem cancelar. 


Um bom ponto de partida para atacar esses desafios está no framework compartilhado pela Kellie Capote, VP de CS no Gainsight.


Step 1 – Ela sugere segmentar os clientes conforme as categorias da figura abaixo.

clientes saas

Step 2 – Analisar as métricas de saúde e engajamento desses diferentes clusters.

base de clientes clusterizada saas

Step 3 – Usar esses inputs para nutrir o seu plano de retenção e determinar oportunidades de expansão e inputs para a área de vendas.

Segue o link para o material: "Managing churn during covid", por Nick Mehta (Gainsight), Kellie Capote, VP de CS no (Gainsight), e Byron Deeter (Bessemer Venture Partners), no qual trazem um step by step para estruturar um plano / política / playbook de retenção e minimizar o churn.


Abaixo listamos os principais take aways do webinar, para rápido consumo:

  • Churn será o principal tópico dentro de um SaaS B2B neste momento.
  • Churn vai aumentar de forma generalizada, ainda mais no ambiente SMB, 3+ pp.
  • O maior impacto será no S do SMB.
  • Churn tende a ser menor em Enterprise SaaS, mas ciclos de vendas, maiores.
  • O churn também vai "vir" de down-sell.
  • Concentração da base de clientes em um único vertical pode ser alto risco.
  • Net retention tende a piorar também.
  • Concessões e revisões das políticas de CS e vendas é um tópico fundamental.


Este material da CS Academy tem um roteiro bastante completo e acionável para construir ou evoluir o seu plano de retenção e ajudar a sua empresa a "grudar-se" na sua base de clientes nesta crise.


2) DESENHO DE AO MENOS DOIS CENÁRIOS PARA BREAKEVEN


Independentemente de qualquer impacto positivo que o seu negócio possa ter com o cenário atual, preparar-se para o pior e surpreender-se positivamente no futuro é o contexto mais adequado.


Com todas as variáveis que envolvem esta crise e pela relevante incerteza que ainda temos – por não ter um encaminhamento claro do impacto da pandemia na economia –, modelar / simular no mínimo dois cenários de perda de receita e níveis de churn, e ter o caminho claro para break even em cada cenário, é o básico a ser feito.


Nas diferentes conversas que temos tido no mercado recentemente, simulações de perda de 30%, 50% e até 75% da receita têm sido exercitadas de forma recorrente por empresas SaaS B2B no early stage. Entender com clareza quais os gatilhos e conjunto de ações que deflagram cada cenário é fundamental.


O ponto de atenção central deriva de dois aspectos complementares: (i) é necessário buscar uma eficiência extrema no uso de recursos que financiam o CAC, e (ii) é necessário ponderar esse fator dentro de uma dimensão geral de "burn rate".

Como ponto de partida, temos potencialmente três níveis: (1) um business eficiente em geração de caixa e resultado; (2) um business com queima de caixa, porém com saldo de caixa importante (runaway >12 meses); (3) um business com queima de caixa e com um saldo de caixa em nível de atenção (runaway <12 meses).


Em qualquer dos casos, a obsessão pelo controle das alavancas de alcance do breakeven e a agressividade das medidas de ajuste devem ser aumentadas de forma diretamente proporcional, na ordem desses três cenários.

Ao modelar financeiramente o impacto da Covid-19 na busca dessas alavancas, o conservadorismo pode ser o fator-chave de sobrevivência.


Pelo atual contexto, conforme mencionado acima, sugere-se ao menos um primeiro modelo com perda de 30% do MRR já em Q2/20 e 0% de incremento de MRR até o final do ano. Esse primeiro step deve ser considerado ainda nesse quarter.

Sugere-se também um segundo modelo com perdas incrementais nesses dois vetores (aquisição e retenção). O segundo step deve ser revisitado e eventualmente poderá vir a ser acionado entre final de Q2 e Q3/20.


Obviamente são referências conservadoras que devem ser adaptadas caso a caso, mas que compartilhamos com todo o portfólio. 

Ao modelar esses cenários, é importante que o gestor encontre, dentro da sua estrutura de gastos, a margem e as fontes para potenciais ajustes rumo ao breakeven em cenários extremos de sobrevivência. 


É muito importante enfatizar que existe uma enorme diferença entre projetar cenários em modelos financeiros conservadores e de fato acionar as alavancas de ajuste. O principal pecado é não ter a consciência dos riscos, não conhecer as soluções possíveis e não acionar as alavancas de ajuste no momento correto. 


Nesse sentido, a mensagem fundamental é (i) modelar cenários com conservadorismo, (ii) escolher KPIs de monitoramento e sustentação dos cenários e (iii) ter o senso de urgência adequado para execução dos planos na linha do tempo que venha a ser estabelecida.       


3) CALIBRAGEM DE MÁQUINAS 


Nossa expertise está concentrada nas estratégias de go-to-market, e damos atenção especial ao tópico para suportar uma reação fundamentada e de alto impacto para o portfólio. 


Mesmo sendo todos os negócios SaaS B2B, o impacto da crise é diferente em cada empresa, o que faz necessário balizar a profundidade das ações.


Para isso, você deve contar com a reflexão financeira importante – mencionada no capítulo acima –, evitando decisões baseadas no senso comum ou sob o efeito manada. 


Entender quais canais são mais rentáveis e previsíveis e como cada estrutura comercial deve se adaptar será central para "forçar" um aumento de eficiência. 


# Aumente a eficiência regulando seu ICP 


Assim como os fundos de venture capital estão mergulhados nos seus portfólios neste momento, todas as empresas deveriam focar – mais do que nunca – nos seus clientes de maior facilidade de aquisição e retenção. É a hora de manter somente experimentos fundamentais e apostar em iniciativas com métricas saudáveis e estabilizadas.


Na maioria das operações B2B, o impacto do headcount de vendas na saúde do seu custo de aquisição é imperativo. Foque em reforçar a qualificação, garantindo boas taxas de conversão a partir da prospecção.


Outro canal de corte iminente é a compra de mídia, principalmente para quem depende e investe muito. Monitorar a qualidade do lead nas diferentes plataformas e tipos de conversão provavelmente o ajudará a reduzir o investimento pela metade e além, com resultado praticamente igual no curto prazo.


# Adaptação da proposta de valor 


Esta não é uma situação normal. A sua base de clientes foi impactada de forma diferente, e aspectos da solução/produto podem ter perdido ou ganhado valor. Ajustar o discurso à situação gera um ganho transversal em todo o funil de aquisição e retenção. 


Por exemplo, com a grande valorização do dólar, existe uma maior abertura para migração de ferramentas "gringas" para alternativas brasileiras. Esse cenário é comum e se encaixa na necessidade de redução de custos e alta urgência de compra.


Quando um potencial cliente quer deixar para depois, é importante mapear antecipadamente ações a minimizar o atrito no funil. As mais frequentes são adaptações do onboard/ongoing de enfrentamento da crise, upsells gratuitos e materiais de apoio a disposição.


# Maior foco no curto prazo


Começamos pela retenção por ser uma receita que já está em casa. As áreas diretamente relacionadas a essa métrica, apesar de eventualmente sofrerem cortes, devem ser priorizadas com investimento e treinamento proporcionais.


Em aquisição, ganhos intangíveis e projetos de longo prazo terão – no mínimo – seu ritmo de desenvolvimento ajustado. Lembre-se de que todo o ecossistema está passando por isso, que o timing de crescimento e receptividade do mercado está ajustado para um contexto comum. 


4) LIDERANÇA 


O time é o ativo mais importante e o mais caro de um SaaS B2B. A velocidade na tomada de decisões numa crise é ponto decisivo para sobrevivência, e criar essa dinâmica e esse senso de urgência está nas mãos da liderança. 


Tomar essas decisões difíceis de forma muito ágil, coordenada e ao mesmo tempo altamente respeitosa com as pessoas – sem abalar os valores e cultura da empresa – é algo primordial e muito desafiador. 


# Demissões


Demissões "one shot" trazem menos temor na equipe que fica, e, se somarmos a ansiedade natural que todas as pessoas já estão vivendo, uma demissão em "triggers" pode trazer um pânico maior e custar mais caro para todos, com possíveis impactos na produtividade e na cultura. 

"Doing multiple rounds of layoffs demoralizes your team and erodes any trust and confidence they have in you. Do it once",
David Ulevitvh, GP no Andreessen Harowitz.

De qualquer forma, não podemos desconsiderar contextos em que demissões em "triggers" podem ter um efeito mais cirúrgico e fazer sentido, eventualmente minimizando o volume total de demissões, seja pelo fato de o negócio ter encontrado caminhos de preservar valor, seja por uma reversão positiva de cenário macro.


Segue o link para um verdadeiro playbook sobre como planejar e – se for necessário – como executar demissões em empresas de tecnologia – David Ulevitvh, GP no Andreessen Harowitz.


# Acesso à informação


Outro ponto importante que a liderança deve instituir é um acesso constante a informações relevantes e atualizadas sobre a situação macroeconômica e de incentivos que estão surgindo. A resposta do governo para empreendedores está sendo significativa, e oportunidades/flexibilidades no campo do direito do trabalho, tributário e agentes de fomento devem ser atentamente analisadas. Novas fontes de crédito estão surgindo, e ficar atento a essas oportunidades, nestes tempos de maior escassez de funding, é imprescindível. Alguns exemplos: BRDE, BNDES.


Empresas mais maduras contam com apoio jurídico constante que contribui com essa análise da alteração de leis e normas "minuto a minuto". Os agentes públicos têm tomado em esfera municipal, estadual e federal. Acompanhar essas medidas e usufruir de todos os potenciais benefícios e concessões não é tarefa simples.     


Neste link, temos uma excelente referência do escritório Baptista Luz na qual eles fizeram uma organização de artigos que tratam do impacto da Covid-19 no ambiente jurídico e empresarial.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Apesar de todos os desafios e adversidades que ambientes de crise impõem a qualquer negócio, é inegável que oportunidades e inovações são derivadas de momentos desafiadores como o que estamos vivenciando.


Alguns dos negócios SaaS B2B mais inovadores que tiveram muito sucesso, como Hubspot, Slack, Twilio e Shopify, nasceram exatamente durante períodos de crise. 


As crises vêm e vão, e – certamente – desta vez não será diferente. Da mesma forma que uma gestão de crise organizada e ágil contemplando os quatro pontos de sobrevivência trazidos acima é vital, não perder de vista o longo prazo é tão fundamental quanto.

"Whatever you do – remember your customers and employees will remember it when the economy starts growing again. Act responsibly." 
Ed Byrne

* Ed Byrne – MD Scale Works, VC focados em SaaS no mercado USA – artigo TechCrunch


Por fim, não se desespere, trabalhe de forma inteligente, explore oportunidades que vão surgir, adapte-se e sairemos melhores desta jornada.


Boa sorte para nós todos!


Time ABSeed

Obs.. Link para o artigo, que foi publicado no site da Endeavor

Por Geraldo Melzer 2 de agosto de 2021
Na a.b.seed estamos mergulhados no tema crescimento de negócios SaaS no estágio inicial – seja por meio da interação com o nosso portfólio, pipeline, mentores, mercado, seja pelo consumo de conteúdo técnico intenso e sistemático. Dentro desse tema de crescimento de SaaS B2B no estágio inicial, temos visto muitos materiais sobre aquisição, vendas e retenção de clientes, mas não encontramos com a mesma intensidade, no Brasil, conteúdos sobre precificação de SaaS B2B no estágio inicial. Precificação é um fator crucial em SaaS pois tem impacto muito grande no crescimento e na monetização de um negócio no modelo de recorrência. Um pequeno incremento no ticket médio traz um impacto monumental na projeção de crescimento. Patrick Campbell é especialista em precificação SaaS e founder da Price Intelligently, uma das principais plataformas e consultorias para otimização de preços em SaaS. Ele mostra, neste quadro abaixo, como um pequeno incremento em preço pode impactar duas vezes mais que esse mesmo aumento em aquisição e quatro vezes mais que o mesmo aumento em retenção.
Por Geraldo Melzer 2 de agosto de 2021
Nos últimos anos, o nosso time na a.b.seed tem se especializado em investimento e crescimento de startups SaaS B2B no Brasil. Nós avaliamos mais de *160 startups, dentro desse recorte, para fazer apenas três investimentos em 2017. Em 2018 faremos entre quatro e cinco investimentos. A partir dessa jornada, focada 100% em negócios de tecnologia com o modelo de recorrência no estágio inicial, temos acumulado aprendizados e muitas informações que consideramos relevante compartilhar com founders que estão começando a escalada de uma startup SaaS no Brasil. Abaixo listei oito pontos fundamentais em que, na minha opinião, todo founder de um negócio SaaS B2B deveria prestar atenção. Espero que a leitura deste post ajude na priorização dos seus desafios neste ano de 2018, que começou faz pouco. * Não incluí startups fora do modelo, apenas negócios SaaS B2B. 1) Co-founder CTO onboard Ter a inteligência de desenvolvimento de produto desde o início, "dentro de casa", normalmente aumenta as chances de se desenvolver um produto mais robusto, ter uma visão de futuro mais clara e fazer uso mais responsável dos recursos. Na última pesquisa "Napkin 2018" , conduzida por Christoph Janz, foi feita entrevista com muitos dos mais respeitados VCs e investidores seed americanos. Para os investidores seed , eles pontuaram " Co-founder CTO" como o fator de maior importância para tomada de decisão de investimento, acima, inclusive, de MRR, PMF e outros fatores considerados por muitos altamente relevantes. O segundo maior peso ficou para " Founders com track recor d comprovado", ponto que também valorizamos de forma intensa no nosso processo de análise na a.b.seed. 
Por Geraldo Melzer 2 de agosto de 2021
Visão geral O Seed round é um dos primeiros rounds de Venture Capital que uma startup pode buscar. A rodada Seed antecede a Série A e vem logo após as fases de aceleração, de investimento anjo ou de uma jornada bootstrap. De uma forma geral o estágio Seed se caracteriza pela materialização do PMF ( Product Market Fit ), ou seja, após a startup validar hipóteses e ter entregue valor para uma base inicial de clientes pagantes com ICP razoavelmente claro. Nessa fase os founders ainda estão com a "mão na massa", vendendo e com uma sinalização inicial de tração. É comum não existir um processo de aquisição de clientes estruturado e replicável, o qual permite destravar um crescimento acelerado. A transição da etapa de venda pelos founders para uma primeira camada de vendedores é um desafio típico do estágio Seed, e logo já é seguida pelo desafio de contratar os primeiros heads de Vendas, Marketing, CS e Talent. Nesse contexto, podemos assumir que um dos maiores desafios do estágio Seed é encontrar um modelo inicial de Go-to-market com canais de aquisição e distribuição claramente aptos a suprir 24 meses de crescimento intenso até uma Série A. Seed no Brasil O Venture Capital no Brasil evoluiu muito nos últimos 5 anos e vive um verdadeiro boom nos últimos 2 anos. O número de fundos aumentou significativamente e o volume de investimento ganhou uma dimensão sem precedentes. Segundo o Crunchbase e LAVCA, o volume de investimento em VC no Brasil foi de R$ 35M em 2010 para uma estimativa de R$ 6B+ em 2019. O maior volume de capital se traduziu em um maior volume de investidores nos diversos estágios da cadeia de investimento. Em 2016, praticamente não existiam players focados de forma clara em Seed Rounds . Hoje temos no mínimo 6 players formalmente posicionados nesse estágio no Brasil, afora diversos novos entrantes. Com a evolução recente do ecossistema local, podemos observar um comportamento semelhante ao que ocorreu nos USA nos últimos anos: o aumento de valuations e de tickets de investimento em Seed Rounds . Em 2017 um Seed Round médio girava em torno R$ 1M e em 2019 já tem média de R$ 3.2M, com alguns cases ultrapassando R$ 5M. As hipóteses dessa mudança podem estar ligadas a, pelo menos, três fatores: (1) aquecimento do ecossistema pela entrada de novos players e fundos mais capitalizados; (2) na mesma intensidade, VCs robustos focados em Série A e B, prontos para absorver rodadas maiores em sequência; (3) um ambiente macroeconômico bastante favorável à maior alocação em capital de risco. Tomaz Tunguz - Partner da RedPoint Ventures US, e um dos maiores especialistas em SaaS - explica um pouco da história dessa mesma dinâmica de aumento do tamanho dos seed rounds nos USA . Como resultado, percebemos uma decisão de investimento que também acompanha todas as mudanças do ambiente. Milestones de receita construídos com "força bruta" deram espaço para milestones de GTM que destravam o crescimento, em especial canais robustos de aquisição de clientes, maior previsibilidade e visão de continuidade da jornada. Napkin ABSeed - Brasil Inspirados no "Napkin" - referência sobre SaaS funding criado por Christoph Janz, Partner da Point Nine Capital - criamos uma versão do Napkin Brasil. A Point Nine é um dos principais VCs Europeus com forte viés em SaaS B2B. A ABSeed é o único fundo do estágio Seed 100% focado em SaaS B2B. Já analisamos mais de 600 startups SaaS B2B do Brasil nos últimos 3 anos e hoje acessamos, em média, 5 novas oportunidades por semana. Com base nesse volume compartilhamos nossa visão para um Napkin Brasil. Ela é resultado da nossa sensibilidade e percepção sobre o funding de negócios SaaS B2B em 2019. Esperamos que esses parâmetros contribuam para que empreendedores entendam o seu momento, a sua jornada e busquem construir rodadas saudáveis de investimento.  Boa Sorte!
Por Franco Zanette 2 de agosto de 2021
Minha carreira como gerador de demanda começou com um grande fracasso. Ainda na metade da faculdade de administração, vi a empresa do meu primeiro estágio em marketing falhar ao tentar vender um produto digital em canais tradicionais. Buscando entender o que estava errado, conheci o conteúdo da Resultados Digitais . Lá primeiramente li sobre como a internet democratizou a mídia, permitindo que pequenas empresas fizessem frente aos budgets milionários das multinacionais. No segundo capítulo da minha história, já como funcionário da RD e enquanto meu país passava por uma grave crise econômica, experienciei o hiper crescimento. Como se a crise fosse um catalisador da demanda por eficiência. O que aprendi com tudo isso foi o poder de um modelo de negócio. A cada trimestre, em reuniões de planning exemplarmente transparentes, entendi o racional que nos levou a superar tantos desafios. A computação na nuvem e o modelo de recorrência revolucionaram a indústria de software. Desde que entrei nesse mundo, não canso de aprender sobre as profundas amarrações desse modelo de negócios. Hoje me dedico a ajudar a a.b.seed Ventures a construir um portfólio exclusivamente de empresas SaaS b2b, e percebo como a nova geração de empresas brasileiras nascem com um caminho melhor determinado, mas também com maiores exigências. Crescer mais rápido e em meio a concorrência efervescente é o desafio. Nas próximas linhas sintetizei o que segundo minha vivência são os 5 pontos chave nos primeiros anos de um SaaS b2b. São eles: Como saber a hora de pisar no acelerador em direção ao mercado; Como usar o Inbound como principal canal de vendas; Como destravar o crescimento alinhando marketing e vendas; Como construir uma operação realmente orientada por dados; Como fazer uma operação aprender a aprender. Recomendo que você busque empatia nas introduções e orientações na conclusão de cada bloco. Boa leitura!
Por Geraldo Melzer 20 de julho de 2021
vertical saas brasil abseed
Por Geraldo Melzer 20 de julho de 2021
Um SaaS Vertical é um software voltado para um segmento ou nicho específico, como um ERP para fazendas, CRM para farmácias, ChatBot para hotéis e assim por diante. Hoje em dia, tendo em vista que praticamente todas as indústrias utilizam software de forma mais ampla, o surgimento dos Vertical SaaS substituindo softwares on-premise "antigos" e resolvendo novos problemas irá se intensificar, e eu vou explicar o que está por trás dessa hipótese nos próximos parágrafos.
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